quarta-feira, 19 de maio de 2010

Futebol de rua

Rio de Janeiro, 1987.
Greg e seus parceiros participantes do Campeonato carioca de futebol de rua estão planejando uma trip para Campo Grande pra jogar com um time de lá.
Esse campeonato é o seguinte: cada time com 12 jogadores (1 goleiro, 6 na linha e 5 na rserva), cada time com seu campo e o jogo dura dois tempos de 20 minutos.
O time de Greg, o Chapa Quente Futebol, ta indo jogar com o atual campeão, o Menó Bolado Clube, no campo deles.
O primeiro jogo ficou empatado em 3x3, jogo realizado em Olaria no CVC Garden, campo do Chapa Quente. Greg fez os 3 gols, se fosse em 2010 ele pediria musica.
O campo deles é situado a fazenda do Seu Pedro, um fazendo malvado, regrado e sempre chega em casa as 18:09. 17:30 e começa a peleja.
Aos 7 minutos do primeiro tempo... gol do Menó Bolado, feito por Raí. O jogo se arrastado, muitas faltas e discuções.
Começa o segundo tempo, Greg bastante determinado a empatar o jogo e até virar o placar. Chapa Quente com a posse de bola, Juazinho faz um belo passe entre dois zagueiros, Marcantonio recebe a bola e passa pro Cazalberto. ótimo cruzamento na medido para Greg que faz o gol de cabeça. Empatado o jogo e dessa vez futebol arte, de rua... mas ainda arte, sem faltas, só jogadas limpas.
Fim de jogo, mais um empate. Chapa Quente e Menó Bolado com dois pontos cada precisam vender os próximos jogos para se manterem nas disputa pela taça Bola de meia de ouro.

Got the life.

Rio de Janeiro, 1987. Cruzamento da Av. Brasil com Plinio Bastos.

Um menino caminhando descalço, sem camisa e com um pacote de jujubas nas mãos. Logo se junta com outros garotos e as mesma caracteristicas. Um carro para, até pq tava um engarrafamento dos infernos, e chamou um rapaz.
- Ô moleque, vem cá. Qual se nome? E você ta vendendo o que aí? Quanto é?

O jovem prontamente atende o motorista.
- Meu nome é Gregorio, e a jujuba é 5 por 1 real.

- É... seu Greg, não vai gastar esse dinheiro com drogas, rapaz!

O moleque diz que não e sai rindo. Feliz pelo trocado e também rindo do bigode do cara do Fusca 75.
Greg chega em casa, conta o dinheiro. - "17 reais, ah moleque... mais 20 eu compro um pisante gringo". Seus olhos brilharam... mas logo foi tomar banho, se vestiu pra ninguem perceber q tava sujo e descalço.
Greg, vinha de uma familia boa, não precisa de vender doces na rua. Mas gostava do seu proprio dinheiro, independente.
Em pouco tempo juntou o dinheiro que precisava, comprou o tal pisante gringo. Seu irmão mais velho ficou orgulhoso com o bom gosto de Greg e pensou em coloca-lo numa escolinha de basquete. Mas Greg era "fominha" não se prendia num esporte, gostava de todos. Participava no time de Futebol de Rua de seu bairro, jogou o Campeonato Carioca de Tênis de Mesa, o Brasileiro de Futebol de Mesa em duplas, foi campeão do Torneio Municipal de Natação e Cricket no mesmo dia, participava até em Batalhas de Raps, o moleque não era fácil.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

gotta be playa

Rio de Janeiro. 2008

Você quer me dizer sobre tudo isso?

E mesmo que eu ande sobre o vale das sombras da morte, eu reparei em minha vida e percebi que não restava muito. Até porque eu tenho viajado e rindo tanto que até minha mãe acha que minha sanidade se foi.
Mas eu nunca passei um cara que não merecia, mas eu fui tratado como um marginal, então é melhor olhar com quem você fala e onde você anda ou você e seus parceiros vão pra horizontal.
Eu odeio isso, mas eu tenho que ver: enquanto elas crescem eu me vejo na fumaça da pistola, bobo.
Eu sou o tipo de malandro que meus amigos querem ser, não chegam aos meus pés, vão pedir ajuda de Deus de baixo de poste.
Disperdicei a maior parte da minha vida vivendo nesse paraiso da malandragem.
E continuo gastando a minha vida nesse paraiso da malandragem.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Todo mundo odeia timidez

Rio de Janeiro, 2003.
Kadu entra prum famoso time de basquete de sua cidade. Já era alto, forte e esperto em relação aos meninos de sua idade. Nunca fez sucesso com as mulheres, não era bonitão, mas sempre andou com seu irmão mais velho, um dos maiores pegadores do bairro.
Aprendeu a "dar ideia" nas meninas, falar tudo que elas gostariam de ouvir. O jovem sempre gostou de uma mocinha 2 anos mais velha que ele e que morava em sua rua, mas nunca teve tamanha coragem pra chegar, conversar e conquistar. Enquanto isso foi "treinando" com outras garotas. Algumas caiam na ideia, outras não.
Em pouco tempo, Kadu ja era o mais malandro entre seus amigos, pois andava com caras mais velhos, viajava muito com o time de basquete, conhecia novas garotas, aprimorava suas táticas e tivera muito mais sucesso. Mas como alegria de pobre dura pouco, logo chegou a má fase e Kadu parou de fazer o pouco sucesso que fez.
Mas Kadu não era de desistir fácil, sua próxima vitima era justamente sua amada vizinha. Desceu pra jogar bola na rua com os meninos, esperou ela voltar do colegio e lhe disse, improvisando, tudo que sentia por ela. Foi uma cena de cinema, mas ficou muito decepcionado com a resposta. Kadu sempre foi timido com alguem que gostasse muito. E sendo assim nunca ficaria com alguma menina de seu interesse. Ah, mas com as outras que sentia apenas atração fisica, Kadu foi impecavel: pega e não se apega. Mas Kadu percebeu com o passar do tempo que se não mudasse, nunca ia conseguir ficar com sua amada. E o basquete? Kadu hoje joga por um dos maiores clubes do Brasil na categoria adulta (profissional). Mas isso é coisa pra outro post, cada coisa em seu devido momento.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Eu não sou bonzinho.

Rio de Janeiro, 2001.
Kadu, com 11 anos, marrento e viciado em adrenalina e violência, decide praticar algum tipo de arte marcial. Perto de sua casa havia uma academia de Karatê. Entrou, viu alguns treinos e decidiu se matricular sem compromisso.
Depois de algum tempo foi gostando da luta escolhida e começou a "dar sangue" nos treinos, seus dois mestres ja sabiam que ali tinha um jovem com talento e futuro no esporte. Foi apelidado de Diamante Negro.
Logo descobririam que o tal diamante ainda tinha que ser lapidado, pois em alguns momentos era indisciplinado e exrtemamente agressivo com seus coleguinhas de treino.
7 meses depois da primeira competição já era faixa laranja e foi inscrito no Campeonato Carioca de Karatê , onde os melhores classicados competiriam no Brasileiro.
Kadu lutou maravilhosamente bem prum moleque de sua idade, venceu o favorito ao título de 13 anos de idade com golpes brilhantes e impecaveis.
Já era a sensação de sua academia, garotos mais velhos e mais graduados vinham treinar com esse prodigio como aquecimento do Campeonato Brasileiro.
E chega o dia da competição. Kadu não estava nervoso. Vestiu seu kimono, com um estampa do dragão do Mortal Kombat, ouvindo musicas agitadas pra relaxar.
O jovem lutador não era favorito pra chegar à final, mas lutou bravamente com um guerreiro oriental e na semi-final encontrou seu adversário mais dificil até o momento: um garoto que frequentava a mesma escola e batia em seus amigos durante o recreio.
Kadu não deu confiança e foi pra cima. Era socos pra cá, chutes pra lá, esquivas e defesas. Como todo bom lutador sempre estudando os movimentos e falhas do concorrente.
Foi nesse momento que o jovem percebeu que seu inimigo não defendia a cabeça quando lançava um chute frotal de direita. Kadu, na malandragem, deixou seu lado esquerdo indefeso para que seu desafianta atacasse. Dito e feito: lá vem um chute de esquerda. Kadu bloqueou o golpe com extrema maestria e sem pensar duas vezes lançou um chute lateral de esquerda bem na direção da cabeça do oponente. O Golpe desferido foi tão forte e certeiro que o concorrente não aguentou a pressão e caiu desmaiado por 30 minutos. Foi uma obra de arte aquele golpe.
Fim de luta, Kadu estava na final. Mas por decisão dos juízes Kadu deveria ser eliminado por um motivo não divulgado e ainda banido do karatê. Revoltado com a notícia , Kadu se virou pros juízes e gritou: EU NÃO SOU BONZINHO.